terça-feira, 25 de maio de 2010

Memórias Mortas


Sempre tive muito medo do que me fascinava, procurava me manter longe, pois eu sabia que em algum dia me sentiria tão atraido que não conseguiria pensar, não conseguiria resistir à tentação que seria ficar perto de algo sublime, e quanto mais meu navio se afundava, mais a morte me fascinava, eu não a encarava como um fim, mas tambem não acreditava em vida eterna, a morte para mim era o apice da vida, era o momento em que eu encontraria todas as verdades contidas neste mundo, era nisso que eu acreditava. Não me bastou experimentar a morte dos outros, não me bastou andar por cemitérios contemplando as pequenas fotos contidas nas sepulturas, nada bastou, eu tentava, eu tentei, eu juro por todo o amor que tive à pessoas no seu mundo, mas não bastou, eu caminhava cada dia mais para uma estrada que só dava em um lugar, sem conseguir resistir aos prazeres desta estrada, andei. Vaguei por alguns meses que me fizeram reafirmar minha ideia que a morte era um momento sublime da vida, não era um refúgio como os poetas do mal do século queriam, não era a vida eterna como os religiosos queriam, e muito menos o fim como os ateus queriam, provei-a, infelizmente só uma vez, a única possivel para todo ser humano, e hoje escrevo pra você, simples memórias mortas.

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