quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

La em cima.

Ele desceu e disse que era tudo mais bonito, que eu deveria aceitar. Eu deveria somente fechar os os olhos e deixar que a brisa carregar-me, deixar fluir. A estranha figura me dava detalhes um tanto exóticos, descrevia tudo com uma mágica no olhar, hipnotizou-me. Perdi a consciência, então esse era o truque, fazer a pessoa vidrar, deixa-la enfeitiçada, logo após, lança-la ao mar da incerteza, onde as almas purgam.
Acordei. Na verdade, não sei ao certo, só sei que eu andava por um caminho escuro, eu não podia olhar para os lados, a luz me cegava, eram só passos sem firmeza, temor. O calor subia, eu não transpirava, mas eu sentia algo queimando por dentro, seria o que chamamos de sexto sentido? Decidi então andar para o lado contrario, o calor aumentava, não importava para onde eu andava, eu só podia seguir a luz que me guiava.
Como num clique, senti o cheiro nauseante, a luz que me cegava desapareceu e uma claridade avermelhada fazia minha sombra dançar, e os demônios se espalhavam pelo lugar, não eram vermelhos, não tinha chifres, não queriam me matar. Agonizavam, queimados pelo calor infernal, literalmente, mortos ou quase.
Segundo todos aqueles domingos na Igreja, o qual o Padre falava e eu voava, sabia que ali era o inferno, ou qualquer que seja o nome. Teria de procurar o Mestre. Não adiantava gritar, ninguém me via, era só uma viajem, era o que eu queria me agarrar.
E depois daquele turbilhão, que pareceu morrer e viver, ressuscitar e morrer de novo. La estava aquela voz, chamando-me, mostrando um caminho, tudo o que eu fazia era continuar, eu era a terceira pessoa, via-me de cima agora. Chegando mais perto, eu só via os olhos felinos e sedutores, entrei no caminho. A porta se fechou. O fogo das velas fazia o caminho mais seguro, composto por pedras milenares. E foi dito " Bem vindo. Essa é sua casa."

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Tudo o que eu deveria dizer, mas seus olhos não deixam.

Paragrafos com declarações, com palavras, contando o tempo e todas as suas artimanhas diante de nossas vidas, diante do trono da humanidade! Escondido, recolho-me a pequenez das teclas para dizer coisas que podem me comprometer, mas eu não ligo, nunca liguei, a verdade nunca esteve escondida, não há como disfarçar.
Enfim, estava tudo tão bom, como num dia de sol e frio, momentos únicos aos quais aproveitei com todo o coração, mas agora tudo esta turvo, faz calor, meus pés doem pisando nas escaldantes areias de um deserto que eu bem sei que não tem fim, mas por que eu não poderia continuar no meu oasis?
Por tudo que aconteceu, que acontece, e acontecerá, eu não posso largar a mão disso, eu nem conseguiria, eu não suporto ver sua queda, e parece que tudo esta sendo consentido por mim, eu só observo, como um ser da noite, que quase não humano, nem ao menos se da o trabalho de dar um passo a frente, só observa, e depois vira as costas, ao som das sirenes, acima das cabeças humanas.
E por que eu não tentei? Me perguntaria para o resto de uma vida inteira, sentaria ao som de melodias menores, um tanto soturnas, talvez eu não me arrependa, mas será uma questão, uma grande interrogação que permanecera na minha mente até os sete palmos da terra, ou o fundo do mar.
Tudo o que eu deveria dizer, eu não consigo.
Tudo o que eu deveria dizer, mas seus olhos não deixam.
Tudo, nada, palavras.
Só um abraço, suas lágrimas.
Comungue comigo tudo isso,
Faça das lágrimas o vinho
E do meu abraço o pão
Alimente todas as pessoas que existem em você
Só isso.
Não há duvida tão grande assim, só certeza, de que se existe um pra sempre, quero estar com você, mesmo que seja num simples gesto, que se lembre de mim.