terça-feira, 16 de novembro de 2010

A dança.

Em tons de vermelho, verde, azul, violeta. No pálido branco da lua que iluminava aquele jardim, era madrugada, não posso situar a hora exata, pois também não vem ao caso, via-me como um ser esfarrapado, vestido com a mesma roupa de sempre, eu não estava em meu corpo. Uma bad trip proporcionada pelo meu excesso de álcool é o que a maioria dizia, mas eu tinha certeza que não, era algo que me fazia aproximar de Deus, de algum Deus, talvez de mim mesmo, o Deus dos Deuses. Ouvia-se a melodia que vinha do baile da casa que estava logo atrás de mim, e eu sussurrava a leve melodia, as cordas traçando melodias menores, que contrastavam com o olhar jovem a chorar na varanda. E eu repetia as mesmas palavras “Onde estas? Onde estas?” Mas não havia essência, a não ser naquela garota que chorava, era tudo vazio, inclusive meu corpo, que caído na grama eu via, eu voava. Existia algo no meu coração, digo, em minha mente, não há motivos para tantos romantismos para se falar em coração. Então, aproximei-me da garota que chorava, eu não conseguia tocar a pele, não conseguia enxugar suas lagrimas, essa noite eu dançaria sem você, dançaria com meu próprio corpo.