terça-feira, 3 de maio de 2011

Bem fundo, porém superficial

Perguntei-lhe se eu poderia sentar ao seu lado, era só mais um dia cinza qualquer, em um lugar qualquer. Ele ou ela, que seja, ficava calado, com o olhar baixo, procurando alguma força no balançar das árvores, ou em qualquer outro lugar. E eu, um outro qualquer, observava com toda a intimidade que um olhar pode ter, meus olhos no daquela ou daquela qualquer, e o outro olhar, além do infinito, onde ninguém pode chegar. Mas é assim mesmo, quanto mais longe, quanto mais alto, mais fundo cai, mais longe vai para a escuridão, ou para a luz, fúteis analogias cristãs. E então, eu esperei até aquele simples qualquer levantar, dei-lhe apoio em meus ombros e o levei, como um soldado para fora da trincheira, depois de uma batalha tão longa, qualquer ombro amigo, mesmo de um qualquer é válido. Infelizmente, batalhas deixam cicatrizes que nunca fecham, feridas que continuam sangrando por dentro, que dilaceram a carne enquanto você sorri. Mal de pé aquele qualquer estava e ele caiu de novo, não tinha forças para andar, nem mesmo sob apoio, fiz o meu papel, carreguei aquele qualquer em meus ombros, foi difícil, demônios me tentaram em deixa-lo pelo caminho e seguir com o meu, por que ajudar um qualquer? Mas eu caminhei com ele nas costas, nos ombros, até que ele pudesse dar seus primeiros passos, assim, levei-o para bem longe, onde não havia mais nenhuma batalha, não naquele momento.

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