sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Entre céu e inferno..

Eu prefiro ficar por aqui mesmo - Sempre dizia isso, esperando alguma reviravolta na sua teoria de vida, que não era muito boa por sinal. Sorvia das embriagadas noites de sábado, sobre um esfumaçado ambiente, ao som de desafinos gritantes que rasgavam seu concentração, fixa nas formas distorcidas pelo seu Malboro. Aguardava sentada em uma das cadeiras qualquer, velhas e sujas, recostado em uma parede, bem acima de sua cabeça um poster de Cobain, nada mais clichê. Esperava só os primeiros raios de sol aparecerem sobre o enegrecido céu para voltar à rotina, ficava observando tudo, e eu o observava. Eu olhava tudo de outro canto qualquer, mas com o mesmo ponto de vista do rapaz que ficou conhecido por mim como Garoto de Xadrez, era uma mutua atração, de almas que tem o mesmo anceio, na verdade, de almas que não tem anceio nenhum. Penetrou então sobre a penumbra uma garota que, de principio, não chamaria a atenção de ninguem, a não ser minha e dele, mas estava evidente que ela não era qualquer uma que ia em um bar beber e achar um rockstar falido para transar essa noite, e tambem não era uma prostituta a procura de uma vitima para seu suborno por sexo. Fui até o balcão buscar mais uma dose de qualquer coisa, estava tudo começando a ficar bom, mais brilho, mais sombras ao andar. Sentei-me sobre o banco desconfortavel e de outro lado o Garoto de Xadrez me observava, a voz rouca e a melodia soturna que vinha do palco criava um clima ideal para algo forte, pedi whiskey, whiskey para um condenado à vida eterna! A gorota, a qual chamava Joss sentara do meu lado, observava com pespicacia as garrafas pela metade sobre a pratileira, então pedi uma dose para Joss.
- Não, obrigado. - Respondeu com secura, sua voz que ao mesmo tempo doce era rouca, amargaurada.
A ardencia pela garganta, o gemido abafado, tudo roda, a cabeça dói, mas continuo sentado no banco ao lado da garota, que agora me parece mais bela do que a primeira vez que a vi.
O Garoto de Xadrez então toma o microfone no palco, e começa uma conhecida canção, as notas desafinadas passam pelo lugar, a voz de um anjo incompreendido soa pelas velhas caixas de som, e tudo se torna preto e branco enquanto vejo todos presos em uma caixa em forma de coração.

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