segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Humaníssima Trindade - Piano, Ilusão, Alcool. - I


Arthur Sagioli de Souza, finos traços europeus, terno de corte simples, chapéu. Talvez seus três nomes o descrevessem muito bem, Arthur aquele que gostava de alcool, hedonista, triste por nunca alcançar o que quer. Sagioli, de seu pai, sargento da colnia, postura rigida, comportamentos corretissímos, mas coração mole. Souza, sorriso, somente um sorriso cativante. Esse era ele quando sentou-se no piano, uma ilusão transparecida nos olhos, uma postura rígida e um sorriso irônico que não saia de sua face, nem mesmo nas piores situações, achava tão cômico como tudo conspirava contra o próprio, mas não tinha tempo para devaneios românticos naquela época, seu realismo o guiava para um bar ao crepúsculo, uma prostituta à madrugada, uma ilusão ao amanhacer. Então, voltando ao piano, pediu licensa ao Sr. Manuel, seu conhecido desde os tempos de garoto, sentou-se ao velho piano que ficava encostado em um dos lados do ermo bar, uma luz morta mal iluminava o lugar, pediu a primeira dose. Ja ao piano tocou notas menores enquanto os poucos enamorados se deliciavam com as fnebres notas que saiam de seus frios dedos, em sua cabeça versos circulavam, então, entoou versos, que depois mesmo chamou de Homem-Que-Não-Sonha, versos sobre sonhos não formados, sobre decepções e ilusões. Sorveu sua dose de bebida, Arthur Sagioli de Souza poderia ser um beberrão, um Lobo da Estepe, mas sempre mantinha os bons modos, em sua postura única, como uma estátua de cera ao piano começou mais uma das suas músicas, mantinha-se impassível, a não ser seus olhos, de que saiam invisíveis lágrimas à um observador não atendo, mas eu percebi. Logo que sorveu da segunda dose levantou, comprimentou Sr. Manuel com um sorriso doce, dos mais sinceros, ele mesmo dizia " Amo a poucos, mas dos que amo sempre vou fazer do melhor, mesmo que sabendo que vou machuca-los por vezes ou outras.". Saiu pelo porta, sumiu à escuridão.

Um comentário:

  1. Ah... um pianista!

    Fiquei curioso... fez o texto depois da ilustração? Ficou muito bem ilustrado.

    Entendi... sempre rola uma reflexão, né?! Desta vez o pianista soltou uma frase instigante e saiu batido... da vontade de pedir várias explicações. Mas já que ele sumiu na multidão... deixa pra próxima!

    (Já ia escrever... Bom gole! rs)
    Parabéns pelo texto, Arthur!

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