quarta-feira, 1 de setembro de 2010
O Virus.
Atravez da janela do quarto eu só podia ver ao longe as montanhas, tão verdes como só elas podiam ser, e o horizonte, que sempre era azul, as vezes com nuvens, as vezes sem. Se minha velha memória não falha eu era moço ainda, de pouca idade, tinha quase nada que pudesse hoje fazer um moço feliz, mas o "nada" ja era tudo, eu tinha um sorriso, um violão velho e a visão da janela do meu quarto. Então, em um dia, decidi sair de casa, deixar as velhas notas para traz, a visão da janela de lado, resolvi olhar com outros olhos para o mundo, ao ver aquelas montanhas eu via uma barreira à escalar, eu via uma montanha a derrubar, eu achava que tinha algo depois delas, realmente e infelizmente tinha. Sendo assim, coloquei minha melhor roupa e munido somente de algumas palavras, que nem eram boas, fui até a montanha. No caminho eu passei por algumas dificuldades, andei bastante, quebrei pedras pelo caminho e levei-as nos ombros, ao chegar la, despejei tudo em cima dos grandes homens que guardavam o caminho, nada aconteceu, então, eles com aquelas palavras frias como o vento gélido do Alaska me disseram que aquele era caminho de poucos e que até aquela hora eu não tinha permissão de passar. Tomei outra estrada, essa foi bem facil de chegar ao outro lado, mas ao chegar ao outro lado das montanhas, eu vi uma cidade abastada, uma cidade embidecida em uma peste, zumbis erguendo bandeira sem saber o que estavam fazendo, Óh Deus, exclamei, e disse à mim mesmo (pois todos os outros eram zumbis) que nunca iria me tornar como eles, ao olhar ao horizonte não vi o céu azul, mas sim um céu verde, com um rosto estampado, era algo medonho, o contraste entre o cinza da cidade e o verde do céu, onde números e rosto de pessoas "importantes" se misturavam, mesmo com minha jovinal coragem eu tinha medo. Andei portanto pela cidade, tentando alcançar o final dela, la estava o que eu procurava, onde desembocava todo o verde, toda a beleza e todo o prazer. Mas não consegui, ceguei - me por olhar demais, à lugar nenhum, na verdade, tinha um lugar, o final da cidade, mas quanto mais eu andava, mais longe ficava, meu desespero tremendo deixou minha carne exposta ao virus, minha carne que antes reluzia no cinza se tornara exatamente como ele, e logo o virus atacou com mais força, fazendo de mim logo um dos zumbis, mesmo assim eu ainda tinha uma parte jovem, daquele garoto que olhava pela janela, então não parei, ja que eu ja estava contraido pelo virus, decidi me impregnar mais dele, mas não fui forte para usar dele para minha morte, e assim tornei-me o que sou. Até hoje uso do Virus, a cada dia ele cresce mais em mim, a cada dia eu vejo pessoas passando em seus helicópteros para o que nós, aqui, chamamos de paraiso, mas como nunca estive la para saber, prefiro ficar por aqui mesmo, no meu mundo cinza, algumas vezes a luz entra pela janela, e me torno aquele garoto denovo, só mudam duas coisas: As rugas no rosto, e a visão, não vejo mais o céu azul, agora eu só vejo os zumbis se matando, e aqueles que tiveram uma "overdose" do Virus ficam de camarote olhando pelas janelas dos cinzas prédios...
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É uma ideia meio desesperadora mesmo... Lembrei um pouco do ensaio de saramago... essa ideia de exílio dos doentes, sabe?! Não diminuindo a sua narrativa, claro.
ResponderExcluirParabéns pela filosofia barata de hoje!
Abraço!